Fóssil. Um ombro e uma pélvis descobertos na Letónia foram suficientes para concluir que o ''Ventastega curonica' tinha quatro membros e não barbatanas. É mais um elemento para explicar a evolução dos peixes para os tetrápodes
Ao longe, este peixe parecia um crocodilo
Um crânio, um ombro e parte da pélvis de um peixe que tinha quatro membros e viveu há 370 milhões de anos, Ventastega curonica, dá aos cientistas mais um elemento para a explicação da evolução entre peixes e vertebrados superiores, revela um estudo que sai hoje na revista Nature.
Este peixe capaz de andar possuía a cabeça de um tetrápode (um vertebrado de quatro membros mais adaptado à terra que à água) e um corpo dotado de barbatanas que tinham a forma das do seu predecessor na cadeia evolutiva, Panderichthys, segundo os autores do artigo, uma equipa internacional de paleontólogos liderada por Per Ahlberg, da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Ventastega curonica era dotado de uma grande mandíbula com dentes afiados, com uma cabeça mais parecida com a de um crocodilo. De facto, o estranho peixe tinha a dimensão deste réptil e devia deslocar-se em águas pouco profundas. "Imagino que era um animal que podia deslocar-se sobre bancos de areia sem dificuldade", disse Ahlberg. Comia outros peixes e os seus membros tinham um número desconhecido de dedos - foi graças à pélvis e ao ombro que os cientistas concluíram que não tinha barbatanas mas patas. "Se o víssemos de longe, parecia-se com um pequeno crocodilo, mas se olhássemos mais de perto veríamos uma barbatana nas costas", acrescentou o professor sueco.
O fóssil mostra ainda que os primeiros anfíbios do Devónico (entre 410 e 360 milhões de anos) não evoluíram forçosamente de maneira linear, como até agora se pensava, mas diversificaram-se em ramos de evolução diferentes (polifiléticos), dizem os investigadores. "É tentador interpretar o Ventastega como um claro intermediário na cadeia de evolução", indicam, acrescentando que é necessário olhar para esta tese "com prudência".
O fóssil foi descoberto no oeste da Letónia, onde antigamente existia uma clima semi-tropical. Já tinham sido encontrados outros fósseis desta espécie, mas nenhum era tão completo como este.
A descoberta do Ventastega aconteceu há dois anos, após ter sido divulgada a existência de uma outra espécie, Tikaalik roseae, igualmente descrita como o elo perdido entre os peixes e os tetrápodes - que incluem descendentes como os anfíbios, as aves e os mamíferos. Para os autores deste novo estudo, o Ventastega curonica preenche um vazio morfológico que existe entre o Tikaalik e o primeiro tetrápode, o Acanthostego. - S.S.
Fonte: http://dn.sapo.pt/2008/06/26/ciencia/elo_perdido_saida_mar_para_a_terra.html
Ao longe, este peixe parecia um crocodilo
Um crânio, um ombro e parte da pélvis de um peixe que tinha quatro membros e viveu há 370 milhões de anos, Ventastega curonica, dá aos cientistas mais um elemento para a explicação da evolução entre peixes e vertebrados superiores, revela um estudo que sai hoje na revista Nature.
Este peixe capaz de andar possuía a cabeça de um tetrápode (um vertebrado de quatro membros mais adaptado à terra que à água) e um corpo dotado de barbatanas que tinham a forma das do seu predecessor na cadeia evolutiva, Panderichthys, segundo os autores do artigo, uma equipa internacional de paleontólogos liderada por Per Ahlberg, da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Ventastega curonica era dotado de uma grande mandíbula com dentes afiados, com uma cabeça mais parecida com a de um crocodilo. De facto, o estranho peixe tinha a dimensão deste réptil e devia deslocar-se em águas pouco profundas. "Imagino que era um animal que podia deslocar-se sobre bancos de areia sem dificuldade", disse Ahlberg. Comia outros peixes e os seus membros tinham um número desconhecido de dedos - foi graças à pélvis e ao ombro que os cientistas concluíram que não tinha barbatanas mas patas. "Se o víssemos de longe, parecia-se com um pequeno crocodilo, mas se olhássemos mais de perto veríamos uma barbatana nas costas", acrescentou o professor sueco.
O fóssil mostra ainda que os primeiros anfíbios do Devónico (entre 410 e 360 milhões de anos) não evoluíram forçosamente de maneira linear, como até agora se pensava, mas diversificaram-se em ramos de evolução diferentes (polifiléticos), dizem os investigadores. "É tentador interpretar o Ventastega como um claro intermediário na cadeia de evolução", indicam, acrescentando que é necessário olhar para esta tese "com prudência".
O fóssil foi descoberto no oeste da Letónia, onde antigamente existia uma clima semi-tropical. Já tinham sido encontrados outros fósseis desta espécie, mas nenhum era tão completo como este.
A descoberta do Ventastega aconteceu há dois anos, após ter sido divulgada a existência de uma outra espécie, Tikaalik roseae, igualmente descrita como o elo perdido entre os peixes e os tetrápodes - que incluem descendentes como os anfíbios, as aves e os mamíferos. Para os autores deste novo estudo, o Ventastega curonica preenche um vazio morfológico que existe entre o Tikaalik e o primeiro tetrápode, o Acanthostego. - S.S.
Fonte: http://dn.sapo.pt/2008/06/26/ciencia/elo_perdido_saida_mar_para_a_terra.html
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