quarta-feira, 14 de abril de 2010

Encontradas três espécies que vivem sem oxigênio

Têm um milímetro e habitam no mar Mediterrâneo a três mil metros de profundidade.
2010-04-07

Um dos pequenos loriciferos encontrados
(Crédito: Robert Danovaro)

Desde que, há quase 250 anos, se determinou pela primeira vez que o oxigénio é um elemento imprescindível para a vida, nenhum cientista, em nenhuma parte do mundo, encontrou alguma vez um animal capaz de viver sem este elemento.

Uma equipa de cientistas dinamarqueses e italianos localizaram não um mas três animais pluricelulares diferentes que são capazes de viver e reproduzir-se em sedimentos anóxicos (sem oxigénio) a três mil metros de profundidade nas águas do Mediterrâneo.


Esta descoberta, recentemente publicada na Nature, alterará radicalmente tudo o que achávamos saber sobre o limite da vida.

Até ao momento, as únicas criaturas conhecidas capazes de viverem em ambientes sem oxigénio eram os vírus, as bactérias e alguns microrganismos unicelulares.

Os cientistas acabaram por dar a volta ao que se julgava saber ao encontrarem as três espécies capazes de passar toda a vida sem necessidade de oxigénio no fundo do Mediterrâneo.

Roberto Danovaro, da Universidade Politécnica de Marche, na região italiana de Ancona, localizou as extraordinárias criaturas durante três expedições às costas meridionais da Grécia.

"Como ir à Lua"

As espécies, que ainda nem sequer receberam um nome, pertencem à família Loricifera, composta por mais de duas dezenas de espécies dos pequenos moradores das profundidades marinhas. Medem menos de um milímetro e vivem a mais de três mil metros de profundidade em sedimentos da bacia de Atalante, um lugar tão pouco explorado que Danovaro compara a “ir à Lua e reunir rochas” Ao contrário das plantas, fungos e todos os animais conhecidos, a nova espécies não usa mitocôndrias, os organelos celulares que convertem o açúcar e o oxigénio em energia.

Em vez disto, as estranhas criaturas têm outros tipos de organelos semelhantes aos hidrogenessomas − um componente celular com numerosos micróbios para produzir energia a partir de complexas reacções enzimáticas.

O modo como estes animais evoluíram e como conseguiram sobreviver num meio tão adverso começa a ser investigado e que a partir de agora, abre-se um longo caminho de possibilidades de trabalho para os investigadores.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Novo hominídeo é 'máquina do tempo' da evolução

Mesmo se não for ancestral direto do homem, fóssil lança luz sobre o processo evolutivo.

Mesmo que o Australopithecus sediba seja apenas um "galho morto" da árvore genealógica humana, seus fósseis servem como uma "máquina do tempo" para o estudo do processo evolutivo que levou ao surgimento do Homo sapiens, segundo os pesquisador Lee Berger, que fez a descoberta.

A morfologia da pélvis e dos pés mostra que a espécie era bípede e, provavelmente, já caminhava de forma bem semelhante a um ser humano moderno. Sua combinação de pernas curtas e braços longos, porém, indica que, apesar de ser um bom andador, o A. sediba ainda matinha hábitos arborícolas.

"Ele já havia adotado o bipedalismo, mas, ainda assim, dependia de escalar árvores para sobreviver", avalia Berger, da Universidade de Witwatersrand. "Ele provavelmente se locomovia como um bípede pelo chão, mas mantinha grande parte de seu cotidiano ligado às árvores", concorda o pesquisador brasileiro Walter Neves, da USP, que avaliou a descoberta a pedido do Estado.

Essa composição típica dos membros australopitecinos só se inverte por completo - passando a braços curtos e pernas longas - no Homo erectus, o antecessor direto do Homo sapiens, que abandonou definitivamente a vida nas árvores para se transformar num bípede terrestre em tempo integral.

Espécies mais primitivas do gênero Homo, como H. habilis e H. rudolfensis, ainda tinham hábitos arborícolas, tal qual os australopitecinos. "Talvez essa seja a característica que realmente inaugura o gênero Homo: o bipedalismo estritamente terrestre", cogita Neves.

A classificação de H. habilis e H. rudolfensis no gênero Homo é extremamente controversa. Muitos cientistas acham que eles deveriam ser reclassificados como Australopithecus.

A. sediba também era muito diferente de outro australopitecino anterior a ele: o Australopithecus afarensis, que viveu entre 4 e 3 milhões de anos atrás, e cujo esqueleto mais famoso é conhecido como Lucy. Se um A. sediba e um A. afarensis ficassem lado a lado, as semelhanças seriam óbvias, mas as diferenças também, segundo Berger.

"O A. sediba era surpreendentemente alto. Essa seria a primeira coisa que você perceberia", disse o pesquisador, em entrevista coletiva internacional, respondendo a uma pergunta do Estado. Com 1,30 metro de altura, a espécie era baixa se comparada aos humanos modernos, mas alta se comparada à média do A. afarensis. Lucy tinha só 1 metro de altura. Os braços, as mãos e o quadril também eram diferentes.

"Se a reconstrução dos braços de Lucy estão corretas, então o A. sediba tem braços muito mais longos", avalia Berger. As mãos, por outro lado, são menores e fortes, mais parecidas com a do homem. E a morfologia do quadril também é bem "mais humana", apesar de Lucy já ser bípede.

Todos esses dados confirmam a teoria de que a evolução da anatomia humana ocorreu na forma de "mosaico", com características modernas (ligadas ao gênero Homo) surgindo em várias espécies diferentes e combinações diferentes. "Não foi uma coisa que aconteceu em sequência, com as características surgindo e se acumulando em uma única linhagem", explica Sandro Bonatto, biólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. "Os componentes do Homo estão espalhados por vários ancestrais."

Só um deles, porém, deu origem ao Homo sapiens. As outras linhagens foram extintas.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,novo-hominideo-e-maquina-do-tempo-da-evolucao,535759,0.htm

Completando o texto;

Muitos criacionistas acusam, ou injustamente ou porque não entendem (o mais provável), os arqueólogos quando descobrem um novo fóssil e o mesmo não é totalmente classificado como ancestral do ser humano. Dizem que o arquivo fóssil não é completo e que existem lacunas no registro (essa já virou jargão de crias), mas o fato é que fósseis de transição e ancestrais existem sim! E muitos! O que os arqueólogos não querem e não fazem é dizer simplesmente qual linhagem é a que se tornou seres humanos, por uma questão de ciência, pois algumas linhagens foram extintas. Só uma chegou a nós. Para saber qual, é uma questão de investigação científica e alguns fósseis já tem o veredicto de ser "homo". Mas tem muito trabalho pela frente!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Museu que educa

Smithsonian inaugura ala sobre evolução humana

Ala tem 285 fósseis e artefatos, incluindo o único esqueleto Neandertal dos Estados Unidos.
Entrada do recém-inaugura Ala da Origem Humana do Museu Smithsonian

WASHINGTON - O Museu de História Natural Smithsonian, localizado em Washington, nos EUA, inaugurou nesta quarta-feira, 17, uma ala permanente que exibe a evolução humana no período de 6 milhões de anos.
Com um custo aproximado de US$ 21 milhões, o Ala da Origem Humana terá 285 fósseis e artefatos, incluindo o único esqueleto Neandertal dos Estados Unidos. O curador responsável pela nova ala, Rick Potts, diz que a exposição exibe as principais etapas do desenvolvimento do ser humano.
Esqueletos humanos de diversos períodos podem ser vistos na nova ala do museu

Grande parte do fundo utilizado na construção da nova ala do museu foi doado pelo bilionário David H. Koch, vice-presidente executivo da companhia de energia elétrica Koch Industries Inc.
O Museu de História Natural Smithsonian atrai 7,4 milhões de visitantes por ano, o que o faz o mais visitado nos Estados Unidos.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,smithsonian-inaugura-ala-sobre-evolucao-humana-que-custou-us-21-mi,525586,0.htm

Fábrica de cães


Essas raças de cães - e há muitas outras - surgiram em alguns milhares de anos (muitas em poucas centenas de anos), vindas de um ancestral em comum, o lobo (geneticamente verificado em 1997), e revelam um fato surpreendente, porém inegável: seres vivos se modificam grandemente com o passar do tempo.

Gene "desativado"


O gene que regula o desenvolvimento da barbatana pélvica, chamado Pitx1, também contribui para o desenvolvimento de outras estruturas importantes no peixe, cada uma delas regulada por um acentuador separado. Nos peixes-espinho de águas rasas (à direita), uma mutação desativou apenas o acentuador responsável pelo desenvolvimento da barbatana pélvica, deixando o Pitx1 e suas outras funções intactos.
Para saber mais: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/o_jogo_da_evolucao.html

Dinos e Penas


Há muito tempo os paleontólogos conheciam as notáveis semelhanças entre dinos e aves, mas ainda era fácil diferenciá-los. Porém, as recentes descobertas de dinossauros emplumados tornou difícil distinguí-los. Á direita, Fúrcula e pigóstilo, ossos caraterísticos das aves, mas também encontrados nos dinossauros. Á esquerda, Sinornithosaurus, dinossauro emplumado descoberto na China. Há fósseis de antigas aves com dentes e de dinossauros com bicos, como o Erlikosaurus.

Transição prevista pela Teoria da Evolução


Tiktaalik roseae. Transicional entre peixes e tetrápodes (animais com quatro membros) encontrado no local e no período previsto pela Teoria da Evolução, em rochas datadas com 368 milhões de anos, no Canadá, em 2006. À direita, uma comparação com peixes e tetrápodes "verdadeiros". Possuía escamas e nadadeiras como os peixes, mas também possuía pescoço e costelas expandidas como os tetrápodes, entre outras caraterísticas transicionais.

Golfinhos


Sequência do desenvolvimento embrionário de um golfinho. Observe no círculo verde o surgimento de um pequeno apêndice no exato local onde deveriam estar as pernas traseiras, para em seguida sumir. Os cetáceos mantêm seus desnecessários ossos pélvicos (pois não possuem pernas) mesmo quando adultos.

Baleias


Gráfico da evolução das baleias. Os fósseis confirmaram o que já era sugerido pela análise do DNA das baleias atuais: os parentes mais próximos delas são os ungulados artiodáctilos (porco, hipopótamo, camelo, cervo e o boi). As figuras não são apenas concepções artísticas; todas possuem seus respectivos fósseis devidamente datados.

Baleia com mãos?


Acima: esqueleto de uma baleia beluga. Note a estrutura óssea dos "braços"; e das "mãos". Não parece um cachorro sem as pernas traseiras? Abaixo: fóssil de Ambulocetus, um parente antigo e distante - mas não muito - do "cachorro" da imagem acima, ainda com seus membros traseiros. Mais de 40 milhões de anos os separam.

Pernas Vestigiais


Acima, à esquerda: lagarto (sim, um lagarto) com pernas vestigiais. Acima à direita: detalhe da perna vestigial. Abaixo, à esquerda: pernas vestigiais de uma cobra python. Abaixo, à direita: homologia entre os membros inferiores de humanos e cobras com pernas vestigiais.

Sobre Fósseis no Monte Everest

Chega a ser até absurdo ter que explicar aqui, que os fósseis marinhos que existem no monte Everest, não foram parar lá por causa de nenhum dilúvio, é claro!!!

A formação do Monte Everest


Imagem - U.S. Geological Survey
Em formato aproximado de pirâmide e coberto por geleiras, o Monte Everest é parte da cadeia de montanhas do Himalaia, que segue ao longo da fronteira entre o Nepal e o Tibete. Os Himalaias são montanhas em estrutura de dobra formadas há milhões de anos pela deriva continental. O oceano Tethys separou o subcontinente indiano do continente asiático. Com o tempo, o subcontinente indiano deslocou-se para dentro do continente principal e o mar foi puxado para cima para formar uma série de sulcos paralelos ou dobras. É incrível, mas as montanhas mais altas do mundo foram antes o fundo do oceano e ainda contêm fósseis marinhos.

O Himalaia é uma cadeia de montanhas relativamente jovem, sendo formada a meros 60 milhões de anos, em contraste com cadeias montanhosas muito mais velhas, como os Apalaches. Na verdade, continuam crescendo. Esta contínua movimentação significa que o Himalaia eleva-se de 2 a 6 cm por ano. Toda essa atividade geológica cria instabilidade e gera terremotos ocasionais.






Veja a matéria completa (em inglês) no site da USGS.
http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/himalaya.html